Você acorda várias vezes ao longo da noite para amamentar e acalentar o seu pequeno e tudo o que você deseja saber é, de fato, quando o bebê começa a dormir a noite toda?
Essa pergunta revela uma justificada expectativa pelo retorno das noites tranquilas de sono, afinal, ser mãe de um recém-nascido implica muitas mudanças no seu organismo e na sua rotina, incluindo a privação do sono.
Mas além dessa expectativa, pode ser que você tenha lido e ouvido falar sobre as possíveis idades em que, supostamente, os bebês deixam de acordar repetidamente durante a noite.
A verdade é que não existe uma idade específica em que o seu pequeno, com certeza, já estará dormindo a noite toda sem solicitar a sua presença, mas existem formas de ajudá-lo a conseguir esse feito mais rapidamente.
Ao longo deste artigo, você vai entender o porquê. Continue a leitura!
Será que meu bebê já pode dormir a noite toda?
Para responder a esta pergunta, precisamos entender como se desenvolveram os primeiros estudos sobre o sono dos bebês.
As primeiras pesquisas científicas sobre o assunto surgiram na década de 1950, nos Estados Unidos. Foi nessa época que começaram a ser realizadas as primeiras polissonografias em bebês.
A polissonografia é um exame no qual o paciente dorme em um laboratório, com sensores registrando sua atividade cerebral, seu padrão respiratório, seus movimentos corporais e outros aspectos de seu sono.
Com esse exame, é possível analisar a arquitetura do sono, ou seja, as diferentes fases do ciclo do sono e como elas ocorrem ao longo da noite.
Muitos adultos, quando esse exame é recomendado pelo médico, não conseguem fazê-lo devido ao desconforto e à dificuldade de pegar no sono estando em um laboratório. Agora, pense comigo: se colocarmos um recém-nascido em um ambiente desconhecido, com fios e sensores ao seu redor, quais são as chances de ele dormir tranquilamente?
Por conta dessa dificuldade, os bebês selecionados para as primeiras pesquisas sobre o padrão do sono eram, em geral, aqueles que tinham maior facilidade para dormir, ou seja, bebês que já apresentavam um padrão de sono tranquilo e que não acordavam várias vezes durante a noite.
Isso era fundamental para viabilizar os estudos, pois se fossem escolhidos bebês que acordassem frequentemente ou que tivessem dificuldade para pegar no sono, não seria possível mensurar os padrões e diferentes estágios do sono.
É claro que essa necessária seleção de bebês com padrão de sono mais estável não invalida a relevância desses primeiros estudos.
Graças a essas pesquisas pioneiras, foi possível dar início à compreensão científica do sono infantil. No entanto, com o tempo, percebeu-se que esses bebês com excelente padrão de sono não necessariamente representavam toda a população de bebês.
Ou seja, os resultados obtidos nessas pesquisas poderiam estar refletindo a realidade de uma minoria e não necessariamente a média do sono de todos os bebês.
Mesmo assim, muita gente se baseou nessas pesquisas para afirmar que os bebês deveriam começar a dormir a noite toda desde muito cedo. Criou-se, inclusive, a ideia de que a partir dos três meses de idade, se o bebê não dorme a noite toda, há algo de errado com ele.
Surgiram então diversas publicações ensinando métodos para garantir que os bebês dormissem a noite toda.
Com frequência esses “métodos” envolviam deixar o bebê chorando para que ele “aprendesse” a dormir sozinho. Uma afirmação muito disseminada era a de que os pequenos não precisam, biologicamente, de mamar durante a noite.
Evidentemente, essa ideia ganhou força porque toda mãe deseja descansar e recuperar suas energias. O desejo de uma noite de sono tranquila é completamente compreensível. Todo mundo precisa dormir.
No entanto, com o avanço da ciência, essas concepções foram flexibilizadas e, hoje, já se sabe que o padrão de sono do bebê é individual e depende de vários fatores.
Então, respondendo à pergunta que dá título a este tópico: pode ser que o seu bebê durma a noite toda desde muito pequeno, mas não espere por isso, pois esta não é uma regra.
Entretanto, é claro que existem bebês que já poderiam estar dormindo a noite toda, mas ainda não estão e, nesse sentido, há ajustes que podem ser feitos no ambiente e na rotina para melhorar o sono. Falaremos sobre isso ainda neste artigo.
O que a ciência diz, hoje, sobre quando o bebê começa a dormir a noite toda?
Hoje sabemos que é um mito a ideia de que é possível definir, precisamente, quando o bebê começa a dormir a noite toda, justamente por conta das particularidades de cada bebê e de cada família.
Nesse sentido, as promessas milagrosas de que, seguindo determinado método, o seu bebê estará dormindo sozinho, por exemplo, aos três meses de idade, precisam ser deixadas de lado.
Na atualidade, existem estudos muito mais abrangentes, metanálises feitas com vários bebês do mundo inteiro, e elas mostram que não há nada de errado se o seu bebê precisa mamar durante a madrugada ou se ele, simplesmente, precisa da sua presença para conseguir pegar no sono novamente.
Você sabia, por exemplo, que a média de despertares noturnos em bebês entre um e dois anos de idade não é zero? A sua expectativa é de que nessa idade o bebê já não acorde durante a noite, certo? Mas se o seu pequeno tem mais de um ano e acorda, em média, uma vez por noite, ele está dentro dos padrões esperados, segundo os estudos científicos mais atuais.
Isso significa que não há motivos para se preocupar se o seu bebê de três, seis ou 10 meses ainda acorda durante a noite.
Mas também é verdade que muitos bebês nesta faixa etária já são capazes de dormir a noite toda – ou seja, cada uma das crianças terá o seu melhor sono possível.
O importante é garantir que a saúde e o desenvolvimento dele estejam dentro do esperado e que ele conte com condições ambientais favoráveis para ter ótimas noites de sono.
Como ajudar o bebê a dormir a noite toda?
Se seu bebê ainda não dorme a noite toda, saiba que, a menos que a rotina dele e o ambiente em que ele dorme não estejam devidamente ajustados, isso é absolutamente normal!
Mas, ao se perguntar quando o bebê começa a dormir a noite toda, você também precisa verificar se ele conta com as melhores condições para dormir bem.
Em primeiro lugar, é importante entender que a amamentação noturna não é apenas uma questão de fome, mas também de conforto e segurança para o bebê.
Em muitos casos, é possível reduzir gradualmente as mamadas noturnas sem prejudicar o conforto do bebê. Por exemplo, pode ser que o seu bebê acorde por conta de algum barulho externo e isso o leve à necessidade de mamar para voltar a dormir. Nesse caso, você pode usar um ruído branco, evitando que ele acorde com eventuais barulhos.
Outra questão à qual você deve ficar atenta é a associação do sono: alguns bebês aprendem a dormir apenas sendo embalados ou mamando e não conseguem emendar um ciclo de sono no outro sem esse indutor.
Se esse for o caso do seu pequeno, pode ser necessário trocar a forma de adormecer dele. Por exemplo, se ele dorme mamando, trocar por ninar ou colocar no berço e fazer carinho, pode ser o suficiente para retirar a associação e ajudá-lo a dormir mais horas seguidas.
Outro ponto essencial é o ambiente em que o bebê dorme. O quarto deve ser um lugar aconchegante, com pouca iluminação e uma temperatura agradável.
Além disso, é importante que o bebê use roupas confortáveis e adequadas à estação do ano para evitar que ele sinta frio ou calor excessivo.
Você também deve respeitar as janelas do sono. Cada bebê tem um tempo ideal de vigília antes de precisar dormir novamente. Ao entender como funciona o ritmo circadiano dele, você consegue fazer ajustes e favorecer o sono noturno do seu filho.
Por fim, não se esqueça de testar e adaptar a rotina de sono do seu bebê de acordo com as particularidades dele.
O que funciona para uma criança pode não funcionar para outra. Então, se, por exemplo, um banho morno ajuda o bebê da sua amiga a dormir melhor, pode ser que o seu bebê se sinta mais relaxado com uma prática diferente, como uma canção de ninar, por exemplo.
Enfim, a pergunta a ser feita não é “quando o bebê começa a dormir a noite toda?” e sim “o que eu posso fazer para ajudar o meu bebê a ter a melhor noite de sono possível?”.
Comemore as pequenas vitórias. Se o seu pequeno acordava três vezes durante a noite e agora acorda apenas duas, esse é um progresso muito relevante. Se ele lutava contra o sono e demorava uma hora para dormir e agora só demora 20 minutos, você tem um ótimo motivo para se alegrar!
É empoderador saber que você está realmente ajudando o seu pequeno a dormir melhor. Você passa a entender que há um caminho a ser seguido e, assim, não se sente mais perdida.
Se você precisa de ajuda para colocar isso em prática, faço um convite para que você conheça o curso Sono e Rotina do Bebê. Nele, você vai aprender várias técnicas e estratégias validadas e gentis para garantir o melhor sono para o seu filho, de zero até os dois anos de idade.
Além do curso, você também vai ter acesso a um acompanhamento ao longo de dois anos com a minha equipe de consultoras de sono. Ou seja, com o curso Sono e Rotina do Bebê você não apenas vai entender quais são as técnicas mais utilizadas quando o bebê começa a dormir a noite toda, mas vai ter a certeza de poder colocar em prática tudo aquilo que, de fato, favorece o sono e, consequentemente, a saúde e o desenvolvimento do seu pequeno.
