A angústia da separação é um marco importante no desenvolvimento do bebê, pois é quando ele começa a perceber sua própria individualidade. De repente, ele entende que é um ser separado da mãe, e isso pode ser assustador.
Para o bebê, qualquer ausência, seja uma longa jornada de trabalho ou uma ida rápida à padaria, pode parecer como se o mundo estivesse desmoronando.
Esse processo está profundamente ligado ao desenvolvimento físico e emocional da criança. Ao perceber que tem seus próprios sentimentos e vontades, ela naturalmente busca o conforto da presença constante da mãe ou dos adultos com quem está mais acostumada.
Essa fase, embora natural e esperada, pode se estender por um tempo considerável e representar um desafio tanto para o bebê quanto para os pais.
O importante é saber que essa é uma etapa do desenvolvimento e que, com paciência e carinho, ela será superada.
Ao longo deste artigo, você vai entender o que é a angústia da separação, quando ela costuma aparecer, quais são seus sintomas e, o mais importante, como você pode ajudar seu filho a superá-la de maneira saudável.
Continue a leitura!
O que é angústia da separação?
A angústia da separação é uma fase em que o bebê chora e se desespera ao perder a mãe de vista, mesmo que essa esteja apenas no cômodo ao lado.
Como já mencionamos, essa fase é natural do desenvolvimento dos bebês, que ocorre quando eles começam a entender a individualidade de seu corpo, seus sentimentos e seus pensamentos.
Durante os primeiros meses de vida, o bebê não tem noção de que ele e a mãe são dois indivíduos distintos e, por isso, ele vive com a sensação de que a mãe estará presente o tempo todo.
No entanto, por volta dos 6 a 8 meses de idade, ele começa a entender o que chamamos de “permanência do objeto”, ou seja, ele percebe que as coisas e as pessoas continuam existindo, mesmo quando estão fora de seu campo de visão.
Esse novo entendimento gera ansiedade, pois o bebê agora percebe que a mãe pode se ausentar, e essa ausência traz um medo de que ela não volte.
É essa sensação que gera a angústia da separação, levando o seu bebê a chorar, ficar inquieto ou até mesmo desenvolver outros sintomas quando você não está por perto.
É importante frisar que essa angústia não é apenas uma resposta emocional automática, mas faz parte do desenvolvimento cognitivo do bebê, indicando que ele está crescendo e se tornando mais consciente do mundo ao seu redor.
Ao aprender que a mãe sempre volta após se ausentar, o bebê começa a construir um senso de autonomia que será fundamental para suas futuras interações e relacionamentos.
Portanto, apesar de ser um período de desafios, a angústia da separação é também uma oportunidade para fortalecer o vínculo de confiança com o seu pequeno.
Quando a angústia da separação costuma aparecer?
A angústia da separação geralmente surge entre os 6 e 8 meses de idade do bebê, sendo comum que os sintomas se intensifiquem entre 12 a 18 meses, mesmo quando o bebê já está mais apegado às rotinas e à presença constante da pessoa que cuida dele na ausência da mãe.
O início dessa fase pode coincidir com momentos em que a mãe volta ao trabalho após a licença-maternidade, tornando a transição emocionalmente mais desafiadora para ambos.
A boa notícia é que essa fase, embora difícil, não dura para sempre. Em geral, a angústia da separação tende a diminuir consideravelmente por volta dos dois 2 anos de idade, sendo superada por volta dos 3 anos, à medida que o bebê ganha confiança e começa a entender que a mãe, mesmo precisando se ausentar, sempre retorna para ele.
O desenvolvimento de outras habilidades cognitivas e emocionais, como a fala e a interação social, também contribui para uma redução gradual da ansiedade em relação à separação.
É importante lembrar que cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento e que, portanto, o tempo de duração dessa fase pode variar de bebê para bebê.
De todo modo, é fundamental manter a calma, estar presente sempre que possível e reforçar ao seu bebê, com gestos de carinho e paciência, que sua ausência é temporária e que você vai, mas você volta.
Quais são os sintomas da angústia da separação?
Os sintomas da angústia da separação podem variar de criança para criança, mas há algumas condições e comportamentos comuns que podem sinalizar que o bebê está passando por essa fase.
Reconhecer esses sinais é fundamental para que você consiga oferecer o apoio necessário ao seu pequeno durante esse período desafiador. Vamos ver os principais deles:
- Choro excessivo: um dos sinais mais evidentes da angústia da separação é o choro iniciado sempre que o bebê é separado da mãe ou dos cuidadores com quem está acostumado. Esse choro pode ser intenso e persistente, indicando a dificuldade da criança em lidar com a ausência;
- Apego exagerado: a criança pode se tornar mais dependente da mãe ou do cuidador, buscando contato físico constante, como agarrar a roupa ou querer colo o tempo todo. Esse apego é um mecanismo de defesa para lidar com a insegurança que ela sente durante a separação;
- Reações de medo: a presença de estranhos ou de novas situações pode desencadear medo e desconforto, levando o bebê a chorar ou a se esconder. Essa é uma reação comum, pois o bebê começa a reconhecer pessoas e situações que não fazem parte de sua rotina habitual;
- Distúrbios no sono: a angústia da separação pode impactar a qualidade do sono da criança. Ela pode ter dificuldade para adormecer, acordar mais vezes durante a noite ou demonstrar ansiedade ao ver a mãe se afastando na hora de dormir;
- Comportamento regredido: em alguns casos, a criança pode voltar a apresentar comportamentos que já havia superado, como o uso de chupeta ou ficar mais dependente em relação a atividades cotidianas;
- Mudanças no apetite: ansiedade e estresse podem afetar o apetite da criança. Alguns bebês podem comer menos, enquanto outros podem comer mais do que o habitual, buscando conforto na alimentação.
Como lidar com a angústia da separação?
Existem estratégias que podem ajudar a tornar essa fase mais tranquila e facilitar a transição. Para começar, você deve se dedicar à criação de uma rotina previsível para proporcionar segurança ao seu bebê.
Saber o que esperar ao longo do dia ajuda a criança a se sentir mais confiante e menos ansiosa em relação à separação.
Dentro dessa rotina, os momentos de despedida precisam ser claros, breves e consistentes, para que o bebê saiba que você sempre vai voltar.
Quando for se despedir, faça isso de forma rápida e confiante. Evite prolongar a despedida, pois isso geralmente aumenta a ansiedade da criança. Um abraço apertado, um sorriso e algumas palavras de encorajamento podem fazer maravilhas.
Além disso, fale com seu filho sobre a separação antes que ela aconteça, mesmo que ele ainda não consiga se comunicar com palavras. Use uma linguagem simples e acessível, explicando que você vai sair por um tempo e voltará em breve. Essa antecipação ajuda a reduzir a ansiedade.
A forma como você se sente em relação à situação pode influenciar como o seu pequeno se sentirá. Então, mostre que você acredita que ele vai superar essa fase.
Outra ação importante é oferecer ao bebê itens que tragam conforto durante o período de separação, como um brinquedo ou uma peça de roupa que tenha o seu cheiro. Isso pode ajudá-lo a se sentir mais seguro e conectado a você.
Cada criança tem seu próprio ritmo para lidar com a angústia da separação. Por isso, é fundamental ser paciente e acolher o seu bebê, quantas vezes forem necessárias, sempre que ele demonstrar sinais de tristeza.
Além do acolhimento, da postura focada no momento da despedida, dos objetos de apego, da antecipação e da criação de uma rotina, você também pode incentivar o seu pequeno a brincar e explorar os espaços de forma mais independente.
Brincadeiras que promovam a autonomia podem ajudar a criança a desenvolver autoconfiança, tornando-a menos dependente da sua presença.
Quando você voltar para casa, converse com seu filho sobre o que aconteceu durante o seu dia e o dele. Isso vai reforçar o vínculo entre vocês.
Por fim, se a angústia da separação se tornar muito intensa ou prolongada, não hesite em buscar a orientação de um pediatra ou psicólogo infantil.
Esses profissionais podem oferecer estratégias personalizadas para ajudar a criança a superar essa fase.E para aproveitar ao máximo o primeiro ano do seu bebê, lidando bem com a angústia da separação e tantos outros desafios da maternidade, o meu livro “O ano de ouro” será uma ótima companhia. Nele, eu abordo, a partir de informações atualizadas, tudo sobre esse período de transição, de mudanças, de expansão e também de despedidas.