A exposição de bebês a telas é uma preocupação crescente entre pais e especialistas em desenvolvimento infantil. Mas enquanto entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ressaltam os malefícios das telas para bebês, a meta de evitá-las pode ser bastante desafiadora para muitas famílias.
Neste artigo, discutiremos por que os bebês não devem ter contato com as telas, explorando as recomendações gerais e as evidências científicas que embasam essas orientações.
Também vamos abordar os impactos potenciais das telas para a visão, o sono e o desenvolvimento da linguagem, entre outros aspectos.
Por fim, explicaremos como você pode lidar com a situação quando não conseguir evitar totalmente o uso de telas. Vamos dar dicas práticas e sugestões de atividades que podem promover um desenvolvimento mais saudável para o seu bebê.
Nosso objetivo é fornecer informações úteis e fundamentadas para te ajudar a tomar decisões mais conscientes e a encontrar um equilíbrio que funcione para a sua rotina.
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Por que os especialistas em desenvolvimento infantil não recomendam as telas para os bebês?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) são claras em suas recomendações: crianças com menos de dois anos de idade não devem ser expostas a telas, incluindo televisores, tablets, smartphones e computadores.
Essas recomendações estão baseadas em uma série de estudos que evidenciam os potenciais malefícios das telas para bebês, incluindo o prejuízo ao desenvolvimento neurológico e cognitivo, problemas de visão e distúrbios do sono.
A OMS sugere que, ao invés de introduzir as telas precocemente na rotina do bebê, os pais devem priorizar atividades que promovam o movimento físico e a interação direta da criança com seus cuidadores e o ambiente ao redor.
O contato pessoal é crucial para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais dos pequenos, algo que as telas não conseguem proporcionar.
Diversos estudos científicos têm demonstrado os mais variados malefícios das telas para bebês.
Um bom exemplo é o estudo realizado com 3155 crianças de zero a cinco anos no Ceará, que demonstra a existência de uma relação entre a exposição a telas e uma menor capacidade de comunicação, domínio social e pessoal e resolução de problemas pelas crianças.
A pesquisa detectou que 69% das crianças participantes mantinham-se diariamente em frente a telas por um tempo superior ao recomendado pela OMS e, no caso das crianças de zero a dois anos, para as quais qualquer tempo de tela é considerado nocivo, o índice de exposição foi de 41,7%. Justamente entre estas crianças os escores relacionados às habilidades apontadas acima foram menores.
Isso ocorre porque a interação com telas geralmente é unidirecional, enquanto a interação humana é bidirecional e rica em estímulos visuais e auditivos complexos.
No entanto, é importante reconhecer que a realidade de muitas famílias pode tornar a eliminação total das telas um desafio.
A tela pode ser vista como uma rede de apoio em momentos de necessidade, permitindo que os pais realizem tarefas essenciais ou tenham um momento de descanso.
Por isso, nossa intenção aqui é fornecer informações que possam te ajudar a tomar decisões informadas. Se, em algumas situações, o contato com as telas for inevitável, não se culpe.
O mais importante é evitar que o uso de telas se torne uma rotina e buscar alternativas mais saudáveis sempre que possível, fazendo o melhor dentro de suas possibilidades.
Então, mesmo que não seja possível manter o seu pequeno longe do tablet, TV ou smartphone, faça o melhor que você conseguir, mas não acredite na ideia de que as telas são inofensivas.
Malefícios das telas para bebês
Agora que você já entendeu o fundamento da não recomendação das telas para bebês, vamos falar mais especificamente sobre os principais problemas associados a essa exposição.
Prejuízos para a visão
A exposição de crianças com menos de dois anos de idade às telas pode causar problemas de visão, como a síndrome do olho seco, miopia precoce e fadiga ocular.
Isso acontece porque a luz azul emitida por dispositivos eletrônicos é prejudicial e pode causar danos a longo prazo.
Atrasos na linguagem e na fala
A interação com telas é geralmente passiva, o que não estimula adequadamente o bebê em um período crucial para o desenvolvimento da linguagem.
Um estudo interessante sobre o tema é o desenvolvido pelo The Journal of the American Medical Association Pediatrics e publicado em 2023, que demonstrou que bebês de um ano expostos a telas por várias horas diárias apresentaram atrasos nas habilidades comunicativas quando chegaram à faixa etária de dois a quatro anos.
Dificuldade de desenvolver interações sociais
Entre os perigos das telas para bebês também está a interferência no desenvolvimento das habilidades sociais.
A falta de interação humana pode levar a dificuldades em formar vínculos emocionais e sociais.
Por isso, bebês que se acostumam às telas tendem a ter sua capacidade de socialização comprometida, à medida que podem não compreender emoções e expressões faciais com facilidade.
Distúrbios do sono
A luz azul emitida por telas pode interferir na produção de melatonina, hormônio responsável pela regulação do sono.
Como a primeira infância é um período decisivo para o estabelecimento do ritmo circadiano, mesmo que a exposição às telas não ocorra imediatamente antes da hora de dormir, ela pode desencadear distúrbios do sono, desde a dificuldade para adormecer até a agitação durante o sono.
Prejuízo ao desenvolvimento neurológico e cognitivo
O prejuízo ao desenvolvimento neurológico é mais uma das consequências das telas para bebês.
Uma outra pesquisa desenvolvida em Xangai e publicada na revista Jama Pediatrics, apontou que crianças com mais de três anos que foram expostas às telas por longos períodos quando eram bebês apresentaram níveis reduzidos de QI, menor capacidade de compreensão e raciocínio perceptivo, além de comportamento hiperativo.
Prejuízo à formação postural e fadiga muscular
O tempo prolongado em frente às telas também pode causar problemas posturais e fadiga muscular.
Provavelmente, você, sendo adulta, já enfrentou algum desses problemas por ter, por exemplo, a necessidade de passar várias horas trabalhando na mesma posição em frente a um computador. Imagine o impacto das telas então para os bebês, cuja estrutura óssea ainda está em formação.
Prejuízo para a introdução alimentar
A introdução alimentar também pode ser prejudicada quando não se pensa nos malefícios das telas para bebês.
Isso porque bebês que assistem a vídeos ou programas de televisão durante as refeições podem desenvolver uma relação negativa com a comida, levando a problemas alimentares no futuro.
E se eu não conseguir evitar as telas?
Embora o ideal seja que os bebês não sejam expostos às telas até os dois anos de idade, entendemos que a realidade de muitas famílias pode tornar essa recomendação difícil de seguir à risca.
A vida moderna, com suas demandas e desafios, muitas vezes deixa as mães sem alternativas. Às vezes, a única forma de você conseguir preparar o almoço será deixando seu pequeno assistir a um desenho animado, mesmo que você conheça os malefícios da TV para bebês. E você não estará sendo uma mãe incompetente por precisar fazer isso.
Se você se deparar com situações em que a exposição às telas é inevitável, foque em minimizar os impactos negativos.
Você pode, por exemplo, se esforçar para garantir que este tempo em frente às telas seja o menor possível e selecionar um conteúdo educativo e apropriado para a idade do seu filho.
Interagir com a criança enquanto ela assiste ao desenho também pode ser uma forma de transformar esse momento passivo em algo mais estimulante do ponto de vista cognitivo.
Se você não sabe o que fazer para evitar a atração quase incontrolável das crianças pelas telas, pense em alternativas interativas, como quebra-cabeças, jogos de tabuleiro, brinquedos de montar, colagens e desenhos.
Também é muito importante envolver a criança nas rotinas domésticas. Mesmo que seu bebê ainda seja muito pequeno para ajudar em alguma tarefa, ele pode acompanhar e entender o que você e as outras pessoas da casa estão fazendo.
Além disso, atividades como ler, contar histórias, ouvir músicas e dançar podem fazer toda a diferença no desenvolvimento emocional e cognitivo do seu filho, além de mantê-lo longe das telas.
Lembre-se também da importância da exposição ao sol e passeios ao ar livre com regularidade. Isso ajuda o bebê a descobrir e explorar o mundo e é ótimo para a saúde física e mental.
Enfim, tenha em mente todos os malefícios das telas para bebês, mas não se sinta mal se em algum momento a tela for a única solução prática ao seu alcance. A maternidade é repleta de desafios e cada família precisa encontrar o equilíbrio que funciona para sua realidade.
