A toxoplasmose é uma infecção parasitária cujo agente transmissor é o protozoário Toxoplasma Gondii. A doença é endêmica no Brasil, apresentando uma das mais elevadas prevalências da toxoplasmose em todo o mundo segundo o Ministério da Saúde. A toxoplasmose não costuma ser grave, exceto em pessoas imunodeprimidas e em mulheres grávidas, neste caso podendo afetar o desenvolvimento do feto.
Mulheres susceptíveis (que nunca tiveram contato com a doença) estão em risco de desenvolvimento de toxoplasmose na gravidez, ou ainda mulheres que já tem a toxoplasmose (lgG positivo), mas por alguma causa desenvolveram uma imunodepressão durante a gravidez.
Dados do Ministério da Saúde (2018) indicam que de 20-50% das mulheres em idade reprodutiva são susceptíveis, estando em risco de adquirir toxoplasmose durante a gestação.
Mas, como se entra em contato com a toxoplasmose?
As formas mais comuns pelas quais as pessoas entram em contato com a toxoplasmose são:
• Através do contato com fezes de felinos, principalmente em gatos domésticos;
• Manuseio e ingestão de carne vermelha crua ou mal cozida, manipuladas sem a devida higiene;
• Lavagem inadequada das mãos;
Ingestão de saladas de lugares desconhecidos.
É extremamente importante saber a procedência do local e a origem do que está se comendo.
No caso de comidas japonesas, já ficou provado que o peixe cru não transmite a doença. Caso você deseje comer comida japonesa na gravidez, opte por um local onde a manipulação dos alimentos seja feita de forma correta.
Apesar da taxa de infecção ser maior após a 20° semana, as consequências para o feto são menos graves. O risco de contrair toxoplasmose antes da 20° semana é preocupante, pois pode provocar aborto espontâneo e sequelas mais graves. Em geral, esse risco é maior para todas as doenças infecciosas durante a gravidez.
Como descobrir se a paciente já teve contato com a toxoplasmose
Através dos exames básicos do pré-natal é feita a sorologia, onde são pesquisados o IgG e IgM para a detecção da toxoplasmose. Quando o resultado apresenta a lgG positiva, significa que a mulher já esteve em contato com a toxoplasmose (imune). Se o IgM for positivo, significa que a mulher pode estar infectada.
IgM e IgG negativos = suscetível
IgG positivo / IgM negativo = não é mais suscetível
IgM e IgG positivos = possível infecção recente, necessários novos exames.
A “Haute Autorité de Santé” (HAS, 2019) indica que as gestantes façam o exame sorológico todo mês, a partir do segundo exame pré-natal, se a imunidade não for adquirida. Através deste rastreio, descobrindo-se que a mulher está com toxoplasmose aguda, é possível iniciar imediatamente o tratamento.
No Brasil, a orientação do Ministério da saúde (2018) é de fazer três vezes a sorologia durante o pré-natal: no início do 1o trimestre de gestação (IgM e IgG); se a gestante for suscetível (IgM e IgG não reagentes), a sorologia deverá ser repetida no início dos 2o e 3o trimestres gestacionais.
Importância do teste de avidez
O teste de avidez (teste que mede a intensidade com que os anticorpos lgG permanecem ligados ao antígeno de toxoplasma) é muito útil no primeiro trimestre para buscar identificar a datação da infecção, e é usado em caso de IgM e IgG positivos.
Se o resultado identificar avidez alta, indica que os anticorpos foram produzidos em período superior de 12-16 semanas, podendo indicar que a infecção ocorreu antes da gestação, reduzindo o risco para o feto.
A gestante com lgM positiva, ou que teve contato com a toxoplasmose, necessita realizar o exame PCR do líquido amniótico a partir da 18° semana.
O método PCR é o mais preciso para diagnosticar infecções congênitas. Até o PCR ser feito, a gestante deve ser tratada com um medicamento chamado “Espiramicina”. Esse medicamento não trata a infecção, mas impede ou retarda a passagem do toxoplasma para o feto. Assim, mesmo que não haja comprovação de infecção fetal, a gestante deve continuar o tratamento durante toda a gestação. Após o resultado do PCR do líquido amniótico, estando o feto infectado, a gestante deverá iniciar o tratamento com os medicamentos orientados pelo médico.
Prevenção
A melhor estratégia para lidar com a toxoplasmose na gestação é a prevenção primária da infecção através de práticas preventivas, tais como: evitar ingerir carnes crus; o não manuseio de fezes de gatos; evitar trabalhar com terra (jardinagem); lavar muito bem as mãos; higienizar muito bem frutas, verduras e legumes; preferência por alimentos cozidos; beber água filtrada. Além disso, é fundamental identificar mulheres suscetíveis através do exame sorológico no pré-natal para um diagnóstico e tratamento correto.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Coordenação de Saúde das Mulheres. Nota Técnica de diretriz Nacional, para a condução clínica do diagnóstico e tratamento da Toxoplasmose Gestacional e Congênita. NOTA TÉCNICA No 14/2020-COSMU/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS. Disponível em: https://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2020/July/29/SEI-MS—0014746811—Nota-T–cnica–1-.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno De Atenção Ao Pré-Natal-Toxoplasmose- Gestação de alto risco: manual técnico. 5a.ed. 2018. Diponível em: http://www.sjp.pr.gov.br/wp-content/uploads/2018/04/ANEXO-VII-toxoplasmose-cong%C3%AAnita.pdf
FIOCRUZ. Portal de boas práticas em saúde da mulher, da criança e do adolescente. Toxoplasmose na Gestação. 2021. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/toxoplasmose-na-gestacao/
Haute Autorité de Santé. Recomendações de saúde pública: Vigilância sorológica e prevenção de toxoplasmose e rubéola durante a gravidez. Saint-Denis La Plaine: HAS; 2009. Disponível em: https://www.has-sante.fr/jcms/c_893585/surveillance-serologique-et-prevention-de-la-toxoplasmose-et-de-la-rubeole-au-cours-de-la-grossesse-et-depistage-prenatal-de-lhepatite-b-pertinence-des-modalites-de-realisation
Haute Autorité de Santé. Recomendações de saúde pública: Gravidez: monitoramento sorológico e prevenção de toxoplasmose e rubéola. Disponível em: https://www.has-sante.fr/jcms/pprd_2975184/fr/grossesse-surveillance-serologique-et-prevention-de-la-toxoplasmose-et-de-la-rubeole
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