Minha experiência na área da saúde e como fundadora da maior empresa de educação em saúde para famílias do Brasil sempre foi orientada para a Medicina Baseada em Evidências.
Nesse sentido, em meio a tantos avanços nas pesquisas e novas tecnologias, é fundamental que profissionais de saúde sempre pautem sua atuação em evidências científicas.
Ainda assim, quando falamos em cuidados com o bebê, essa orientação é ainda mais importante, pois estamos tratando de crianças em pleno desenvolvimento, com mudanças constantes e necessidades únicas.
A MBE pode ser aplicada à pediatria em várias questões, como para:
- Fazer diagnósticos mais precisos;
- Escolher os tratamentos mais adequados;
- Avaliar a qualidade das consultas.
Porém, para que todas as mães tenham acesso ao conceito de MBE e entendam como ela se aplica no atendimento a crianças e famílias, vamos esclarecer o que é e sua importância.
Dessa forma, você está prestes a dar o primeiro passo para garantir que os cuidados com seu filho sejam os melhores e mais atualizados possíveis.
O que é Medicina Baseada em Evidências (MBE)?
Em primeiro lugar, “Como garantir que estava tomando a melhor decisão para o paciente?” é uma questão que sempre me fez refletir muito.
Nesse cenário, entendi que a Medicina Baseada em Evidências seria a melhor escolha para minha vida profissional.
Contextualizando, a Medicina Baseada em Evidências (ou MBE) é uma abordagem que utiliza como base para as decisões todas as evidências científicas de maior qualidade disponíveis até um determinado momento, em uma determinada temática.
Em uma área em constante evolução, como a medicina, basear as orientações em evidências e novas pesquisas é o que faz o atendimento se manter atualizado.
Assim, as decisões são pautadas em descobertas recentes, com práticas médicas mais precisas, (muitas vezes) menos invasivas e mais eficazes.
Além disso, a MBE nos proporciona confiança para fazer a melhor escolha possível para nossos pacientes através de todo conhecimento disponível para entregar o melhor cuidado a cada caso, a cada paciente.
Na prática, a Medicina Baseada em Evidências segue os seguintes passos:
- Identificação da questão a ser resolvida;
- Busca por evidências para resolver essa questão;
- Avaliação criteriosa da segurança e eficácia de todas as evidências encontradas;
- Aplicação na prática.
Ou seja, até uma nova técnica, medicamento ou tratamento ser aplicado em um atendimento, ele passa por todas essas etapas para validação do médico.
Os 6 níveis da Medicina Baseada em Evidências
Dentro do campo da Medicina Baseada em Evidências, existe uma hierarquia para entender quão confiáveis são as informações sobre determinada pesquisa.
Em resumo, funciona como uma escala entre informações mais confiáveis e estudos que ainda estão na fase inicial. Nesta escala, temos 6 níveis, que são:
- Opinião de experts/Estudos com animais/Estudos in vitro: o nível mais baixo de evidência é baseado na experiência pessoal dos profissionais experientes, pistas iniciais ou estudos realizados em laboratório fora de organismos vivos. Infelizmente, muitas “verdades” absolutas dentro da Medicina (como dar remédio para evitar a cólica do bebê) se encontram aqui: baseados apenas na opinião de especialistas.
- Relatos de casos/Série de casos: no segundo nível, estão os relatos de pacientes individuais ou acompanhamento de vários pacientes com características parecidas;
- Estudos de caso-controle: neste nível, são feitas comparações entre indivíduos que possuem — e também os que não possuem — uma condição para compreender a relação de um fator de risco a uma doença;
- Estudos de coorte: aqui, o pesquisador acompanha um grupo por um tempo, para entender os fatores de risco associados a uma doença, como um nível mais profundo de observação em relação ao nível anterior;
- Ensaios clínicos randomizados: fase em que os participantes são escolhidos aleatoriamente para grupos que receberão tratamento e grupos que receberão placebos e, então, a eficácia de uma técnica, tratamento ou intervenção é colocada à prova;
- Revisões sistemáticas: no nível mais alto, temos uma análise mais abrangente acerca de vários estudos sobre determinado tema para gerar conclusões mais consistentes.
Sendo assim, vemos que cada um dos níveis possui uma importância para a Medicina Baseada em Evidências.
Por exemplo, a opinião de um médico experiente pode trazer insights para a prática clínica, enquanto as revisões sistemática reduzem vieses nos diagnósticos.
Aprofundando a cada nível, é possível interpretar e aplicar o conhecimento de maneira prática e segura.
A aplicação da MBE dentro da sua casa.
Cada fase da vida das crianças, desde que nascem, traz novos desafios e, por isso, a base de cada decisão precisa utilizar as melhores evidências disponíveis.
Afinal, a Medicina muda rapidamente. O profissional que atende a família precisa estar em constante atualização e, para isso, precisa ser humilde o suficiente para ter certeza de que não se sabe de tudo e que todos nós temos ainda muito a aprender com a ciência e sua evolução.
Nesse sentido, a Medicina Baseada em Evidência se torna indispensável! Afinal, dentro da saúde infantil não podemos dar brecha para suposições.
Dentro dos cuidados com bebês, a MBE permite atualização, tratamentos menos invasivos e mais segurança nas orientações.
Juntamente com esses benefícios, as evidências científicas também permitem ter conversas mais abertas e reconfortantes com os pais, trazendo embasamento para as decisões médicas.
Para entender com mais precisão, listei algumas das aplicações da Medicina Baseada em Evidências dentro da pediatria:
- Vacinação: melhores práticas, dosagens e ajustes no calendários de vacinação;
- Alimentação infantil: recomendações sobre amamentação, introdução de alimentos sólidos e dietas especiais para crianças com alergias alimentares;
- Saúde mental infantil: diretrizes para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento de crianças com TDAH, depressão ou ansiedade;
- Doenças infecciosas: prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças como otite média, pneumonia e infecções urinárias;
- Rotina e sono do bebê: orientações práticas para estabelecer uma rotina saudável e cuidados com o sono do seu bebê;
- Desenvolvimento neurológico: intervenções e tratamentos para paralisia cerebral, distúrbios do espectro do autismo e epilepsia;
- Alergias e imunologia: diagnóstico, prevenção e tratamento de alergias, asma e outras doenças imunológicas;
- Medicamentos e farmacologia: dosagem, efeitos colaterais e interações medicamentosas em crianças.
E estes são apenas alguns exemplos, já que a MBE pode ser aplicada em praticamente todas as áreas da da Medicina, para garantir que as decisões clínicas sejam baseadas nas mais atuais evidências disponíveis.
A MBE como pilar na Educação da Saúde
A Medicina Baseada em Evidências também traz a seguinte consideração: é preciso que paciente e profissional de saúde estejam alinhados e de acordo com o tratamento, com o objetivo de uma maior eficácia.
De nada adianta prescrever um tratamento com o qual o paciente não concorda, mesmo que seja o melhor de todos.
É aqui que entra a educação em Saúde: transformar a informação técnica em algo acessível e compreensível por toda a família. Afinal, a decisão final não é do médico, mas sim do paciente e/ou de seus cuidadores!
Dentro da nossa prática na Jannuzzi Educação, em cada tópico, aula, material, recomendação e orientação existe embasamento em dados, pesquisas e descobertas mais recentes.
Isso porque, quando falamos de saúde infantil, não podemos deixar que informações desatualizadas ou sem embasamento façam parte do cenário.
Em suma, a orientação a pais, mães e responsáveis é que sempre consultem fontes atualizadas e baseadas em evidências científicas para decisões que envolvam a saúde das crianças.
Se você busca conhecimentos e orientações práticas e seguras para lidar com o seu filho, além de outros tópicos relacionados à saúde, acesse outros artigos do nosso blog.