Toda gestante precisa compreender quais são as indicações reais de cesárea, aquelas em que realmente se faz necessário passar pela cirurgia no momento do parto.
Isso porque, apesar dos riscos, o Brasil tem o segundo maior número de cesáreas do mundo e, apenas de janeiro a outubro de 2022, houve um aumento de 57,6% no número de cesarianas feitas aqui no país.
Esses dados do Ministério da Saúde nos trazem um alerta: mitos, desinformações e medo acabam levando mães a escolhas desnecessárias e, muitas vezes, piores.
Com isso, um procedimento que deveria ocorrer apenas em casos realmente essenciais, acaba se tornando frequente, expondo gestantes e bebê a um risco que nem sempre é indicado.
Para isso, você, que está grávida, precisa entender quais são as verdadeiras indicações de cesárea, diferenciando-as de equívocos comuns.
Por exemplo, muitas pessoas acreditam que quando o bebê está com o cordão umbilical enrolado no pescoço, é muito pesado ou tem uma mãe muito pequena já é um caso para cesárea. Porém, você vai entender que nem sempre é assim.
Portanto, entender as indicações de cesárea baseadas em evidências científicas, vai capacitar as gestantes para tomarem decisões mais seguras para o nascimento de seus filhos.
7 indicações de cesárea que não passam de mitos!
Mitos envolvendo a necessidade de cesárea são muito comuns. Por isso, vamos esclarecer quais são esses mitos e porque cada uma dessas situações contraindica o parto normal.
Cordão umbilical enrolado
É comum médicos cesaristas assustarem mães dizendo que o cordão umbilical está enrolado no pescoço do bebê e que isso é perigoso.
Porém, isso é mito! O bebê não respira pelo nariz antes de nascer e, por isso, não pode ser “sufocado” com o cordão umbilical.
Após o nascimento do bebê, a equipe de saúde irá desenrolar o cordão antes de entregar o bebê para a mãe e o recém nascido irá respirar normalmente.
Bebê muito grande ou muito pequeno
Bebês muito grandes podem nascer de parto normal? SIM!
E com “bebê grande” você deve estar pensando em um bebê com mais de 3,5 kg, correto? Pois saiba que a cesária é indicada apenas para bebês com mais de 4,5 kg. Menos que isso, o bebê pode nascer de parto normal sem risco aumentado.
O mesmo acontece com bebês pequenos. É um mito acreditar que bebês menores não terão “força” para nascer. Eles são plenamente capazes de nascer normalmente.
Obesidade da gestante
A obesidade pode aumentar o risco de acontecerem certas complicações na gravidez, isso é fato.
Porém, a obesidade por si só não se torna uma das indicações de cesárea verdadeiras, e muitas mulheres obesas têm partos normais bem-sucedidos.
Mulheres obesas apresentam riscos maiores se submetidas a uma cirurgia (como a cesariana) do que em casos de parto normal.
Hipertensão gestacional
A pressão alta na gravidez traz a necessidade de monitoramento e cuidado durante as 40 semanas de gestação, mas não se torna uma indicação automática de cesárea.
Com o controle adequado da pressão arterial e avaliação contínua da saúde da mãe e do bebê, é possível haver um parto normal bem-sucedido.
Por isso, não é só a hipertensão que vai determinar se ocorre a cesariana ou não, mas um conjunto de fatores.
No caso de pré-eclâmpsia, pode ser necessária uma cesariana de emergência (caso a pressão não se estabilize), por isso é preciso monitoramento constante.
Diabetes gestacional
O diabetes durante a gravidez também precisa ser monitorado, mas não vai trazer a obrigatoriedade de uma cesárea.
Através do controle glicêmico e do acompanhamento da saúde da mãe e do bebê ao longo de toda gestação, o parto normal pode acontecer de forma tranquila e segura.
Cesárea anterior
Não é porque uma gestante já passou por uma cesárea anteriormente que significa que todos os próximos partos devem ser cesárea também.
O parto vaginal após cesárea (VBAC) é uma opção para as gestantes desde que respeitado um intervalo mínimo de 18 meses entre a cirurgia e o parto.
Bebê sentado (posição pélvica)
A maior parte das pessoas acredita que, se o bebê está em posição pélvica, é impossível o nascimento via vaginal.
Porém, algumas situações permitem que a cesárea seja evitada, especialmente se a mãe já passou por partos vaginais anteriormente.
Essa é uma decisão que deve ser tomada em conjunto entre gestante e equipe médica, uma vez que alguns obstetras não realizam partos pélvicos.
A versão cefálica externa (manobra de VCE) pode ser feita para tentar virar o bebê, ainda dentro da barriga da mãe, para a posição cefálica (cabeça para baixo), buscando evitar um parto pélvico ou cesariana.
Como você pode ver, na grande maioria dos partos, o parto normal é a opção mais viável e segura.
Por isso, é importante munir as gestantes com conhecimento e contar uma equipe de saúde que respeite suas necessidades individuais.
5 indicações reais de cesárea: quando o parto normal não é indicado
A cesariana é um procedimento cirúrgico e, portanto, deve ser realizado apenas em situações em que a saúde e a segurança da mãe ou do bebê estão em risco.
Como toda cirurgia, a cesariana traz riscos, e passar por um procedimento sem necessidade pode trazer complicações desnecessárias tanto para a mãe, quanto para o recém-nascido.
Por isso, você precisa compreender quais são os casos em que é realmente indicada essa intervenção.
Posição transversa
Uma das indicações de cesárea verdadeira é quando o bebê se encontra em posição transversa no momento do parto.
Nesta posição, o bebê está deitado, atravessado no útero, o que impossibilita um parto vaginal seguro, podendo trazer complicações para mãe e bebê.
Nesse caso, a cesárea é indispensável para o bebê vir ao mundo saudável e a mãe passar pelo parto com segurança.
Placenta prévia
Em casos de placenta prévia, quando a placenta cobre a abertura do colo do útero, obstruindo o caminho por onde o bebê nasce, também é necessária uma cesárea para o parto acontecer com segurança.
Isso porque é a placenta responsável por nutrir e oxigenar o bebê, portanto, ela não pode “nascer” primeiro. Se ela nasce antes do bebê, o bebê ficará sem oxigênio. Por isso, a indicação de cesária é correta.
Descolamento prematuro da placenta
O descolamento prematuro da placenta é outra situação em que a cesariana é uma indicação real.
Isso acontece quando a placenta se separa do útero antes do nascimento do bebê, o que pode causar privação de oxigênio para o bebê e risco de hemorragia intensa para a mãe.
Aqui, a cesárea de emergência é a maneira mais segura de garantir um parto bem-sucedido.
Ruptura uterina
Há uma outra situação que é bastante rara, mas que é extremamente perigosa no parto e, por isso, a cesárea é indispensável: a ruptura uterina.
Isso acontece, normalmente, ao longo da cicatriz de uma cesárea anterior e, quando acontece, pode trazer grandes complicações.
Nesse caso, a cesariana de emergência também será necessária.
Herpes genital ativo
Outra indicação real de cesárea é pela presença de herpes genital ativo durante o trabalho de parto.
Isso acontece porque, pelo parto vaginal, existe o risco de transmissão do vírus para o bebê, trazendo graves complicações para a saúde do recém-nascido.
Caso a mãe seja portadora do vírus da herpes mas não esteja com lesões ativas durante o trabalho de parto, o bebê pode nascer via parto normal com segurança.
Nesses cinco cenários, a cesárea passa a ser uma necessidade real para garantir a segurança e o bem-estar da mãe do bebê.
Empoderamento e escolha informada no parto
Você acaba de ter acesso não apenas às reais indicações de cesárea, mas também aos mitos que cercam essa cirurgia.
Ter conhecimento irá te empoderar no momento mais importante da sua vida: o nascimento do seu bebê.
Com isso, você diminui os riscos de um arrependimento futuro ao perceber que não teve o parto que sempre sonhou por falta de preparo.
Através da informação, você se torna a protagonista do seu parto.Se você quer ter acesso a informações mais seguras, profundas e todo processo de preparação para o parto, você precisa conhecer o livro “9 meses”, que traz tudo o que você precisa saber, desde o positivo até o parto.