Diante da aura de beleza e felicidade associada à maternidade, somente nos últimos anos assuntos como a depressão pós-parto passaram a ser discutidos ganhando a devida atenção. No entanto, ainda há muito o que ser feito em relação a temas correlatos, como a depressão gestacional.
A depressão durante a gravidez não é tão incomum e precisa ser devidamente identificada e tratada para que não evolua para uma depressão pós-parto severa, capaz de prejudicar o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.
Se muitas mães que lidam com a depressão pós-parto, com frequência, sentem-se envergonhadas por terem que enfrentar este problema quando todos que a cercam esperam que ela se sinta feliz e realizada, durante a gravidez esta cobrança pode ser ainda mais intensa.
Como o bebê ainda está em sua barriga, é comum também o medo de ter que fazer uso de um medicamento que possa prejudicar o desenvolvimento dele.
Mas a verdade é que se a depressão gestacional for identificada e você não procurar ajuda profissional, aí sim o bem-estar do seu bebê estará correndo riscos.
Nosso propósito com este artigo é tirar as principais dúvidas sobre este assunto, começando por desfazer os principais mitos associados ao tema.
Além disso, também vamos falar sobre os sintomas e como é feito o tratamento da depressão gestacional.
Confira nos próximos tópicos!
Desfazendo mitos sobre a depressão gestacional
Você acredita na ideia de que a gravidez deve ser um período sublime de pura felicidade e expectativas para a chegada do bebê? Este é o primeiro mito que devemos desfazer.
A gravidez, como qualquer outro período da vida, pode contar com altos e baixos e diversos percalços no caminho, incluindo a depressão gestacional.
Durante a gravidez, é natural que a mulher se sinta especialmente frágil e, além disso, a chegada do bebê representa uma grande mudança em sua vida, o que pode gerar inseguranças profundas.
Também precisamos mencionar as alterações hormonais, capazes de desencadear diversos desafios que englobam a depressão gestacional.
Por tudo isso, é importante que as futuras mães não sintam vergonha de expor essa situação e buscar ajuda.
Nenhuma mãe tem culpa de ficar doente. Assim como qualquer outra doença requer tratamento, a depressão gestacional também exige atenção médica e emocional.
Outra ideia que precisa cair por terra é a de que as futuras mães que sofrem com a depressão gestacional não amam seus bebês e gostariam de não estar grávidas.
Esse pensamento pode gerar culpa e vergonha, impedindo a busca por ajuda, quando, na verdade, a depressão gestacional é uma condição médica que pode afetar qualquer mulher, independentemente de seu amor e desejo pelo bebê.
Com frequência, a gravidez é a realização de um sonho, mas isso não isenta a mulher da possibilidade de sofrer com a depressão gestacional.
Como sabemos, existem muitos fatores hormonais e emocionais envolvidos e este problema não precisa ser “o fim do mundo”. Existe solução, mas é preciso buscar ajuda o quanto antes, já que lidar com a depressão durante o puerpério pode ser um desafio ainda maior.
Por outro lado, ao tomar ciência das alterações hormonais da gravidez, há também o mito de que, justamente por isso, os sintomas da depressão gestacional são normais e inevitáveis.
Embora os hormônios possam contribuir para mudanças de humor, a depressão gestacional é uma condição mais grave que vai além das flutuações emocionais comuns.
Ou seja, somente com a ajuda de um profissional especializado e atualizado sobre o tema será possível identificar e tratar esta condição.
Portanto, não espere que os sintomas desapareçam naturalmente. É muito melhor buscar um profissional de saúde e detectar que o problema é muito mais simples do que você acreditava do que subestimar os sintomas e, mais tarde, se deparar com uma depressão gestacional muito mais profunda ou mesmo com a depressão pós-parto.
Principais sintomas da depressão gestacional
A depressão gestacional pode manifestar-se através de uma série de sintomas que variam em intensidade e duração. É muito importante ficar atenta a esses sinais para buscar ajuda o mais cedo possível.
Muitas vezes, a identificação de apenas um desses sintomas isoladamente não significa que a mãe esteja passando por uma depressão gestacional. Em todo caso, é importante falar sobre este sintoma com o seu médico.
Veja abaixo quais são os principais sintomas da depressão gestacional:
- Tristeza persistente: sentimentos contínuos de tristeza ou vazio, que duram a maior parte do dia e estão presentes em sua rotina diariamente não são apenas um estado de espírito temporário, mas uma sensação profunda e constante que pode interferir na sua capacidade de seguir suas rotinas;
- Perda de interesse ou prazer em atividades habituais: a anedonia, ou perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, é comum na depressão gestacional. A futura mãe pode deixar de sentir prazer em hobbies, trabalho, socialização e até em atividades mais específicas que antes lhe traziam alegria, como ler ou cozinhar;
- Alterações no peso ou no apetite: a depressão gestacional pode causar mudanças significativas no apetite, levando a ganho ou perda de peso. Algumas mulheres podem perder o apetite, enquanto outras podem comer em excesso como uma forma de lidar com seus sentimentos. É como a associação do aumento do apetite à própria gravidez, mas é importante observar se este sintoma é intenso e vem acompanhado por algum outro, como a tristeza persistente ou a insônia;
- Alterações do sono: distúrbios do sono são frequentes na depressão gestacional. Algumas mulheres podem ter dificuldade para adormecer ou permanecer dormindo (insônia), enquanto outras podem dormir excessivamente (hipersonia) e ainda assim sentir-se cansadas;
- Fadiga ou perda de energia: a sensação constante de cansaço e falta de energia, mesmo após um descanso adequado, associada a outros sintomas, pode ser um sinal de alerta do surgimento da depressão gestacional;
- Sentimentos de inutilidade e culpa: mulheres com depressão gestacional frequentemente experimentam sentimentos de culpa, inadequação e inutilidade. Elas podem sentir-se incapazes de cuidar de si mesmas ou do bebê que está por vir, o que pode aumentar a ansiedade e a angústia;
- Dificuldade de concentração: problemas com a concentração, memória e capacidade de tomar decisões são comuns. A mulher pode sentir-se confusa e ter dificuldade ao focar-se em tarefas simples;
- Lentificação ou agitação: algumas mulheres podem experimentar uma lentidão nos movimentos e pensamentos, enquanto outras podem sentir-se constantemente agitadas ou incapazes de relaxar;
- Pensamentos sobre a morte: em casos mais graves, a depressão gestacional pode incluir pensamentos recorrentes sobre a morte ou suicídio. Esses pensamentos são um sinal claro de que é necessário buscar ajuda imediata de um profissional especializado.
Ao se deparar com algum desses sintomas, é crucial que você busque ajuda o quanto antes, pois a identificação precoce e o tratamento adequado da depressão gestacional podem melhorar significativamente a qualidade de vida da mãe e do bebê, prevenindo complicações mais graves no futuro.
Vale sempre lembrar que uma boa análise dos seus minerais e vitaminas também deve ser feita neste contexto. A anemia, condição relativamente comum na gestação, também pode causar cansaço, excesso de sono e dificuldade de lidar com as tarefas do dia a dia.
Como é feito o tratamento da depressão gestacional?
A abordagem do tratamento para a depressão gestacional pode variar, mas geralmente inclui psicoterapia, medicação ou uma combinação de ambos, sempre sob a orientação de um profissional especializado.
A psicoterapia, com abordagens como a da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), conduzida por um psicólogo, tem sido amplamente utilizada com bons resultados no tratamento da depressão gestacional.
A TCC ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento negativos e comportamentos que contribuem para a depressão, com a adoção de estratégias para lidar com o estresse e melhorar seu bem-estar emocional.
Em alguns casos, a medicação também pode ser necessária. Embora muitas mães tenham receio de que os medicamentos possam prejudicar o bebê, é importante ressaltar que existem antidepressivos seguros para serem usados durante a gravidez.
Mas lembre-se de que somente um profissional de saúde especializado no assunto pode determinar se a medicação é necessária e qual é a melhor opção.
Se você se sentir insegura, busque uma segunda opinião, mas não deixe de tratar a depressão gestacional.
O acompanhamento médico regular é fundamental, pois não apenas garante que o tratamento está funcionando, mas também permite ajustes conforme o necessário para proteger a saúde da mãe e do bebê.
Além dos tratamentos médicos e terapêuticos, a rede de apoio é outro aspecto fundamental para lidar com o problema. Ter familiares e amigos por perto e dispostos a ajudar pode fazer toda a diferença.
